domingo, 14 de agosto de 2011

Rumo a Belém

De Alter pegámos um ônibus para Santarém novamente, estava imensa gente na parada, afinal de contas estamos em pleno verão no norte do Brasil. Acabámos por ir directas para o aeroporto porque tínhamos voo para Belém de madrugada. Portanto mais uma noite a dormir em aeroporto, com esta acho que já estamos a chegar à 10ªnoite em aeroporto ahahah. Inicialmente a nossa ideia era irmos de Santarém para Belém de barco (novamente) mas depois da experiência que vai ficar para a vida, decidimos ir de avião. Sempre poupamos tempo, de barco ião ser 3 dias. Em Belém teremos a família da minha amiga Rose à nossa espera.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Momento mágico

Na última tarde em Alter fomos fazer um passeio de barco e parámos na casa de uma família que vive totalmente isolada de tudo e foi lá que tivemos aquilo a que eu chamo de um momento totalmente mágico.
Eu, a minha mãe, o Marcos, o Moisés (o menino que fez de nosso guia, meio índio precorreu a selva descalço e preparou-nos caipirinhas no barco) e ainda o nosso barqueiro (um eterno apaixonado pela sua italiana) que tocou violão e cantou músicas lindas toda a tarde.

"Há lugares que parece que pararam no tempo...estou no que poderia ser uma comunidade mas acho que é apenas uma casa de uma família, há crianças nessa família, na verdade não está ninguém de momento mas entrámos como se fossemos família. Há uma cadeira para crianças estarem sentadas que está pendurada do tecto, a casa é toda em madeira e folhas secas. Há muita decoração típica dos índios. Há um estrado grande de madeira que serve de cama para toda a família e que tem uma rede mosquiteira à volta. Têm muitos livros, a maioria em outras línguas. Há alimentos guardados e apenas tapados por redes. Vê-se postais no tecto de pessoas que já visitaram esta família. Caixas transparentes de plástico servem para guardar fotos dos bebés. Há plantações de tudo à nossa volta. Há espanta espíritos e candeeiros feitos artesanalmente com penas, sementes e casca de cocô. No meio de toda esta natureza ao longe vê-se garrafas de água e pacotes de leite prontos para seguirem para a civilização para serem reciclados. Há muitas especiarias e um cheiro único no ar. Há colmeias à volta, vê-se que consomem mel em vez de açúcar. Há desenhos feitos pelas crianças no tecto da cabana. O fogão é a lenha e o tecto da cabana está negro nessa zona. Há um pequeno espelho pendurado num tronco. Está um bilhete no chão da casa deixado por outros turistas que cá passaram e que como nós não encontraram ninguém e ainda há umas lembranças . Há instrumentos musicais ao fundo. No fundo dos meus pensamentos ao longe oiço uma música que me faz chorar por dentro - Maluco Beleza do Raul Seixas, tocada ao vivo neste momento pelo nosso barqueiro. Não há geladeira, não há tv, não há computador, parece que o progresso não chegou aqui. Não conheço as pessoas que aqui vivem nem sequer as vi, mas tenho a certeza de que vivem felizes!"

Depois deste momento magnifico fomos deixados em pleno lodo e seguimos por uma trilha rápida no meio da selva que nos levou a uma praia perfeita, a praia de ponta de pedras. Água quente quente quente, um pôr do sol perfeito e mil e uma histórias. O regresso a Alter foi no barco e demorou mais de uma hora ao vento frio que se fez sentir.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A perfeição de Alter do Chão

Alter é uma pacata vila que mais parece uma aldeia plantada à beira rio...rio esse que é tão quente que incomoda!
Nos 5 dias em que estive lá fiquei a conhecer praticamente todas as pessoas da terra e turistas.
Encontrei a Johanna novamente, conheci o Juan Antonio um colombiano que anda a conhecer o mundo desde sempre, o Marcos e conheci ainda o Vitor que estava a desenvolver um projecto de circo com as crianças da terra. Conhecemos ainda um casal de freaks de Marajó, super simpáticos.
Ficámos a dormir num albergue a 2minutos do rio em que todo o mundo dormia na rede. Fomos a uma festa de Reggae e Carimbó (dança típica da amazónia) em que estava todo o mundo, até veio o Eduardo, o amigo de Santarém. Foi muito boa essa noite.
Em frente a Alter tem uma ilha que é a Ilha do Amor, que ao que parece é uma praia paradisíaca, tal caraíbas, mas na época da seca...nós apanhámos a passagem da época das chuvas para a época das secas por isso metade da ilha ainda estava debaixo de água. Para chegarmos à ilha vamos num pequeno barco a remos.
Uma das melhores coisas de Alter é a ausência de mosquitos! :)

Pós barco = Trauma

Tanto eu como a minha mãe chegámos a Santarém meio anestesiadas, já nos tinha passado a fase de desespero total...depois de uma noite muito mal dormida, de uma fome imensa e de um calor que parecia aumentar à medida que nos aproximávamos de Santarém, o que mais nos apetecia era um quarto fresco e limpinho e tudo mais. Mas na verdade ficámos num quartito juntamente com a Yui em que o calor era tanto que nem com dois ventiladores e destapadas conseguimos dormir. As janelas ficaram abertas até que os mosquitos e os besouros se apoderaram do quarto e nos devoraram. Fechando as janelas o calor aumentava, foi de doidos a noite! Antes disso jantámos bem e fomos dar um passeio à beira rio com o Eduardo um amigo nosso brasileiro do CouchSurfing que vive em Santarém e nos deu ótimas dicas para os dias que fomos passar a Alter do Chão.

No dia seguinte seguimos pela manhã para Alter de ônibus, cerca de 1h e apesar de não termos aprofundado a cidade de Santarém, vimos que a mesma não tem grande interesse. Um calçadão à beira mar agradável, edifícios tipicamente portugueses bonitos e pouco mais.

Demasiada beleza...

Tem sido demasiada beleza, demasiadas pessoas, demasiados acontecimentos ótimos!

De momento estamos no aeroporto em Belém onde passámos a noite, temos voo daqui a pouco para São Luis, o último destino desta grande viagem.

Voltando à viagem de barco que fizemos de Manaus para Santarém...
2 dias, 1 noite, 1 família de colombianos, 1 japonesa (Yui) e 1 americana (Johanna). Não mais turistas. Fui pedida em casamento pelo Fábio, um colombiano de 13 anos. O barco ia mais que lotado, na verdade ia um excesso de passageiros e um excesso de redes. Redes ao lado, à frente, atrás, em cima, em baixo...resumindo meio metro quadrado por pessoa. Música (aos berros), Sertanejo e Forró das 5h até às 24h. Projeção de um show ao vivo à noite numa tela. As pessoas tomavam todas vários banhos por dia (excepto os turistas) e as meninas vestiam-se e arranjavam-se como se fosse haver um baile durante a noite no barco. Refeições que terminavam cedo e que esgotavam sem que metade dos passageiros as comprassem. Venda de tudo e mais alguma coisa em todos os portos onde o barco parou. Os policiais revistam as malas e pedem a identidade dos turistas. O tempo parece não passar, foram os dias que demoraram mais tempo a decorrer. O ar é abafado e não passa uma aragem. Tudo é possível e normal a bordo, cães, manicure/pedicure, limpeza de feridas em pernas ausentes, mudança de fraldas no chão...tudo!

Foi uma experiência fantástica pelas cores, pelas condições (ainda que más), pela convivência com os locais!