quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Momento mágico

Na última tarde em Alter fomos fazer um passeio de barco e parámos na casa de uma família que vive totalmente isolada de tudo e foi lá que tivemos aquilo a que eu chamo de um momento totalmente mágico.
Eu, a minha mãe, o Marcos, o Moisés (o menino que fez de nosso guia, meio índio precorreu a selva descalço e preparou-nos caipirinhas no barco) e ainda o nosso barqueiro (um eterno apaixonado pela sua italiana) que tocou violão e cantou músicas lindas toda a tarde.

"Há lugares que parece que pararam no tempo...estou no que poderia ser uma comunidade mas acho que é apenas uma casa de uma família, há crianças nessa família, na verdade não está ninguém de momento mas entrámos como se fossemos família. Há uma cadeira para crianças estarem sentadas que está pendurada do tecto, a casa é toda em madeira e folhas secas. Há muita decoração típica dos índios. Há um estrado grande de madeira que serve de cama para toda a família e que tem uma rede mosquiteira à volta. Têm muitos livros, a maioria em outras línguas. Há alimentos guardados e apenas tapados por redes. Vê-se postais no tecto de pessoas que já visitaram esta família. Caixas transparentes de plástico servem para guardar fotos dos bebés. Há plantações de tudo à nossa volta. Há espanta espíritos e candeeiros feitos artesanalmente com penas, sementes e casca de cocô. No meio de toda esta natureza ao longe vê-se garrafas de água e pacotes de leite prontos para seguirem para a civilização para serem reciclados. Há muitas especiarias e um cheiro único no ar. Há colmeias à volta, vê-se que consomem mel em vez de açúcar. Há desenhos feitos pelas crianças no tecto da cabana. O fogão é a lenha e o tecto da cabana está negro nessa zona. Há um pequeno espelho pendurado num tronco. Está um bilhete no chão da casa deixado por outros turistas que cá passaram e que como nós não encontraram ninguém e ainda há umas lembranças . Há instrumentos musicais ao fundo. No fundo dos meus pensamentos ao longe oiço uma música que me faz chorar por dentro - Maluco Beleza do Raul Seixas, tocada ao vivo neste momento pelo nosso barqueiro. Não há geladeira, não há tv, não há computador, parece que o progresso não chegou aqui. Não conheço as pessoas que aqui vivem nem sequer as vi, mas tenho a certeza de que vivem felizes!"

Depois deste momento magnifico fomos deixados em pleno lodo e seguimos por uma trilha rápida no meio da selva que nos levou a uma praia perfeita, a praia de ponta de pedras. Água quente quente quente, um pôr do sol perfeito e mil e uma histórias. O regresso a Alter foi no barco e demorou mais de uma hora ao vento frio que se fez sentir.

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